terça-feira, 16 de abril de 2013

Bon Jovi faz som para balzaquianas na menopausa.

 
A música do Bon Jovi sempre foi a epítome da “farofada” para meninas cheias de hormônios que enxergavam roqueiros cabeludos vestidos com roupas de couro e lantejoulas como seus príncipes encantados. Foi, claro, uma época em que as pessoas começaram a assistir videoclipes na TV, e a banda se aproveitou bem desta exposição midiática. Emplacaram várias canções dos álbuns Slippery When Wet e New Jersey nas paradas, cujos clipes eram quase onipresentes nas MTVs da vida.
Só que desde o pavoroso These Days, o som dos caras vem merecendo uma clausura no fundo de uma gaveta bem escura e cheia de mofo. A partir daquela época, gostar de Bon Jovi era assinar atestado de ‘mariquinha’ para os homens e de ‘patricinha metida a roqueira’ para as garotas – com toda a justiça, diga-se de passagem. Hoje, são aquelas mesmas fãs, agora tias balzaquianas na menopausa, com pêlos pubianos já grisalhos e cabelos tingidos com água de salsicha e cheio de reflexos, que ainda mantêm a banda na estrada, lotando os seus shows, mas não necessariamente comprando os seus discos mais recentes. Bem, pelo menos louve-se a fidelidade desta turma...
Você pode achar que minha relação com os discos do Bon Jovi seja mera perseguição, mas a verdade é que a música do grupo, que sempre foi uma piada de tão insípida, vem decaindo de maneira espetacular. Embora mantenha o grupo com um elenco relativamente pequeno, Jon Bon Jovi conta sempre com uma megaprodução de estúdio. Só que o som chega a ser pudico, tamanha é a caretice das canções. E com um agravante, que acompanha o grupo há muitos anos e se tornou ainda mais explícito no mais recente álbum da banda, What About Now: mais uma vez, Jon Bon Jovi pensa que é o Bruce Springsteen.
Ele bem que tenta imitar os mesmos maneirismos e linhas melódicas do “Boss”. O máximo que consegue em faixas como “Pictures of You”, “That's What the Water Made Me”, “What’s Left of Me”, “Beautiful World” e a faixa título é soar como um Bryan Adams com a garganta limpa depois de uma lavagem com pastilhas de hortelã.
Abrindo o disco com uma canção do tipo “vamos cantar todos juntos no estádio” tão fraca como “Because We Can” já dá para sacar a presepada toda que vem a seguir. É a deixa perfeita para injetar gasolina nas ofensas endereçadas à música deles. Aí na sequência vem uma patética tentativa da banda em soar como uma mistura do Oasis com o Red Hot Chili Peppers – é, acredite se quiser – em “I'm With You”. Tive que tentar beliscar meus olhos para me certificar que este troço é de verdade...
Quando a banda envereda por baladas mais fracas que sopa de albergue noturno, então... Aí é como um convite para a irritação por parte do ouvinte que tem mais de quatro neurônios em perfeito funcionamento. O “complexo de Springsteen” continua a rolar solto em babas como “Amen”, “Thick as Thieves”, “Room at the End of the World” e “Army of One”, só que com uma pitadinha de U2, o que torna tudo ainda mais patético. Já faixas como “The Fighter”, “With These Two Hands” e “Every Road Leads Home to You” são tão saborosas quanto uma coxa de galinha temperada com pó de tijolo.
A audição deste disco chega a ser macabra e, por fim, hilariante de tão ruim. Finalmente, o Bon Jovi virou o protagonista musical de uma carreira que sempre foi, ainda é e sempre será, uma comédia sem graça em termos musicais. E mais uma vez, agora com este What About Now a banda conseguiu gravar um álbum de comédia de humor negro, só que sem um pingo de humor.
Jesus Cristo, que troço horroroso... Se quiser ouvir o disco, ele está aí embaixo, na íntegra:

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