quarta-feira, 9 de julho de 2014

Bobby Womack transformou suas tragédias pessoais em “soul music” da melhor qualidade


Por  | Na Mira do Regis – ter, 1 de jul de 2014
Por conta da quase total atenção dispensada aos assuntos da Copa do Mundo, pouca gente se deu ao trabalho de comentar a morte de uma das vozes mais espetaculares da história da música em todos os tempos, ocorrida sexta passada.
A partir do momento em que surgiu no mundo abrindo a boca para cantar, Bobby Womack colocou todo mundo de queixo caído, inclusive o lendário Sam Cooke, que ficou imediatamente apaixonado por sua voz e logo se tornou uma espécie de “mentor” do garoto ainda no final dos anos 50.
Junto com os irmãos, montou um grupo que mais tarde veio a se chamar The Valentinos. Foi quando compôs uma ótima canção, "It's All Over Now", que veio a ser imortalizada por um bando de ingleses branquelos e magricelas chamado Rolling Stones. Vai saber o que teria acontecido com Mick Jagger e companhia caso não tivessem gravado esta música...
Quando The Valentinos acabou, traumatizado pelo assassinato de Cooke em dezembro de 1964, Womack quase se perdeu artisticamente.  Depois de passar um bom par de anos tocando guitarra – e b em – em um monte de discos de artistas tão díspares quanto Aretha Franklin, Janis Joplin, Joe Tex e o pessoal do The Box Tops, Womack foi convencido a fazer uma carreira solo em 1968. Foi então que passou a gravar um álbum espetacular atrás do outro, como as duas obras primas que gravou em 1972, Understanding e Across 110th Street.
Bobby Womack era muito mais que apenas uma voz maravilhosa. Era um sujeito marcado por inúmeras tragédias. Perdeu dois filhos, sendo um por suicídio, e sua ex-mulher – a própria viúva de Cooke, com quem se casou em inacreditáveis três meses após a morte do cara - tentou matá-lo na base de balas de revólver quando suspeitou que Womack estava transando com a enteada -, mas que usou isto para forjar algumas das canções mais doloridas da soul music.
Depois que seu irmão Harry morreu em 1974, Womack se afundou nas drogas pesadas e se transformou em tremendo “bad motherfucker”, de quem até o doidaço Sly Stone tinha medo. Tantos excessos cobraram seu preço: Womack teve um monte de doenças, teve que ser internado em clínicas de desintoxicação várias vezes...
Estava acabado para a música até que Damon Albarn o tirou do limbo onde já chafurdaram inúmeras lendas da soul music. Produziu um disco maravilhoso para ele em 2012, The Bravest Man in the Universe, e lhe deu ânimo para continuar, a ponto de planejar um novo álbum com vários convidados bacanas, como Stevie Wonder, Rod Stewart e Snoop Dogg.
Ele morreu 70 anos de idade, mas a impressão que eu tinha é que ele caminhava pela terra desde o Período Cretáceo, distribuindo canções maravilhosas pelo planeta. Vai fazer falta...

link:

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/mira-regis/bobby-womack-transformou-suas-trag%C3%A9dias-pessoais-em-soul-023925541.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário